Lula admite o estelionato eleitoral de Dilma
A cara de pau de Lula, todos sabemos, é uma coisa
assombrosa, sem par na história da política brasileira. Não é de hoje. É coisa
histórica. Logo no primeiro ano de seu governo, em 2003, confrontado com o fato
de que Antonio Palocci decidira fazer um superávit primário superior ao do
último ano do governo FHC e que o PT dizia que essa história de superávit era
só safadeza pra pagar banqueiro, o Macunaíma bem-sucedido disparou: “A gente,
quando está na oposição, faz muita bravata”. E ponto. E houve quem tivesse
achado aquilo genial. Há quem confunda pragmatismo com descaramento. Adiante.
Lula falou nesta quinta ao PT. Sabem o que ele disse sobre
as escolhas de Dilma? Isto:
“Tivemos um grande problema político, sobretudo na nossa base, quando tomamos
atitude de fazer o ajuste que era necessário fazer. Ganhamos as eleições com um
discurso e, depois, tivemos que mudar o discurso e fazer o que dizíamos que não
íamos fazer. Isso é fato conhecido pela nossa querida presidente Dilma
Rousseff.”
Viram? Lula admite o estelionato. Só haveria uma
possibilidade de essa sua fala não ser moralmente dolosa: Dilma não saber,
durante a campanha, a situação real do país. Bem, na melhor das hipóteses pra
ela, convenham, sabia. Na pior, ela seria inimputável por insanidade mental.
Ah, claro! Ele admitiu que o país está sem governo. Segundo
disse, é preciso logo aprovar as medidas de ajuste fiscal para que Dilma comece
a “governar o Brasil de fato”. É? Então isso que temos aí é o quê? Ora, é o
estelionato!
Mais uma vez, Lula fez um aceno a Eduardo Cunha, segundo
fala registrada pela Folha:
“O que interessa à oposição é discutir qualquer assunto e
não discutir o que interessa, que é aprovar o que a Dilma mandou para o
Congresso. Ou alguém acha que outra coisa é importante? Que é derrubar Eduardo
Cunha, discutir impeachment e depois votar o que a Dilma mandou para o
Congresso?”
Resta evidente que ele deu uma ordem para que os petistas
deixem de lado a pauta “Cunha”. Ele sabe muito bem que, agora, está apenas nas
mãos do presidente da Câmara dar início ou não à tramitação da denúncia contra
a presidente.
Lula, que, até havia outro dia, estava desestabilizando
Joaquim Levy, resolveu defender o ministro da Fazenda, afirmando que gritam
“Fora, Levy”, como já se gritou antes “Fora, Palocci”. E observou que o ajuste
fiscal é condição para o PT recuperar o prestígio. Há menos de um mês, com as
duas bênçãos, a Fundação Perseu Abramo pediu a cabeça do ministro da Fazenda.
Ah, sim: desse encontro, sairá um documento. Vai descer o
porrete na política econômica conduzida por Levy e em… Eduardo Cunha…
Entenderam?
(R.Azevedo)
0 comentários: