Câmara conclui votação, e redução da maioridade vai ao Senado
O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha: vitória
pessoal na aprovação da emenda
Por 320 votos a 152, deputados aprovam em 2º turno projeto que pune criminalmente adolescentes a partir de 16 anos em casos de crimes graves
Em tramitação desde 1993, a
redução da maioridade penal foi aprovada em segundo turno nesta quarta-feira
pela Câmara dos Deputados. Por 320 votos favoráveis a 152 contrários, os
parlamentares deram aval ao projeto que pune criminalmente adolescentes a
partir de 16 anos em casos de crimes definidos como hediondos (estupro, latrocínio,
homicídio qualificado, entre outros) e também para homicídio doloso e lesão
corporal seguida de morte. O texto, agora, segue para análise do Senado.
A aprovação da matéria representa
uma vitória pessoal para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um
dos principais fiadores da diminuição da idade penal. A proposta de emenda à
Constituição (PEC) número 171/93 era uma das bandeiras do peemedebista na
campanha pelo comando da Casa.
Durante a votação nesta noite, os
deputados mantiveram o texto aprovado na votação em primeiro turno, ocorrida em
junho, quando ficou determinada a redução da idade apenas para adolescentes que
cometerem crimes graves. Dessa forma, jovens que praticarem tráfico de drogas,
roubo qualificado, tortura, lesão corporal grave e terrorismo não serão
incluídos no sistema criminal. Para eles, valerá a regra atualmente em vigor,
com a previsão de internação por um período máximo de três meses.
O projeto determina os
adolescentes enquadrados na nova lei não ficarão presos em cadeias comuns:
terão de ser mantidos em unidades ou alas isoladas, sem contato com os menores
que cumprem medida socioeducativa.
Deputados do PT, PCdoB, PDT e
PSOL se posicionaram contra a PEC, alegando que a proposta é inconstitucional e
que não vai colaborar para a ressocialização dos jovens. Os parlamentares
favoráveis à emenda rebateram: "É impressionante: o governo vota não, mas
não tem nenhum programa de combate ao tráfico, nenhum programa capaz de
recuperar os jovens, nenhum programa para nada", disse o deputado Nilson
Leitão (PSDB-MT). Para o relator da matéria na comissão especial, André Moura
(PSC-SE), a rejeição da matéria significaria a certeza da impunidade dos
adolescentes que cometem crimes.
Tramitação - A celeridade da
tramitação do projeto na Câmara não deve se repetir no Senado. O presidente da
Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), já se posicionou contrário à redução da
maioridade. Os senadores aprovaram em junho outra proposta sobre o tema, não
excludente, que aumenta o tempo de internação dos jovens infratores. O texto
aguarda análise dos deputados. (Veja)
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