Líderes da zona do euro chegam a acordo sobre a Grécia
Resultado de reunião de 16 horas em Bruxelas abre caminho
para um novo pacote de resgate e afasta a possibilidade de saída do país da
zona do euro
Depois de mais de dezesseis horas de discussão, os líderes
da zona do euro anunciaram nesta segunda-feira, em Bruxelas, que chegaram a um
acordo sobre a crise da Grécia. O fim do impasse foi comunicado pelo presidente
do Conselho Europeu Donald Tusk. "A cúpula da zona do euro chegou a um
acordo unânime", disse ele no twitter.
O acerto abre caminho para um terceiro pacote de resgate à
Grécia para os próximos três anos - desde que o governo de Atenas consiga
aprovar drásticas reformas de austeridade no país. "Acertamos em princípio
que estamos preparados para começar as negociações para levar um programa ao
Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o que em outras palavras significa
continuar o apoio à Grécia", disse Tusk em entrevista coletiva após a
reunião em Bruxelas. Os detalhes do plano não foram divulgados, mas os
ministros das Finanças da zona do euro haviam avaliado entre 82 e 86 bilhões de
euros o montante necessário para socorrer a Grécia.
O acordo também afasta a possibilidade de saída da Grécia da
zona do euro. "A decisão dá à Grécia a chance de se recuperar com o apoio
dos parceiros europeus. Ela também evita as consequências sociais, econômicas e
políticas que um resultado negativo traria", destacou Tusk. Para entrar em
vigor, o acordo para o resgate precisa ser aprovado pelos Parlamentos de
diversos países - incluindo os da Grécia e da Alemanha.
Tsipras - "Nós lutamos uma batalha dura. Nós
enfrentamos decisões difíceis", disse o premiê grego Alexis Tsipras na
saída da reunião. O político terá a complicada missão de convencer o Parlamento
grego a aprovar até quarta-feira muitas das medidas que foram rejeitadas no
referendo de 5 de julho.
O premiê disse que o acordo vai permitir salvaguardar a
"estabilidade financeira" do país e manifestou sua esperança de que
algumas das medidas pactuadas, como o pacote de investimentos, a renegociação
da dívida, ou o ponto final para o debate sobre a saída do euro, ajudem a
acalmar os investidores e a resistir às medidas recessivas que o programa
inclui. "Acho que o povo reconhece o combate difícil que tivemos e que
nesta ocasião o peso das medidas será melhor dividido entre a sociedade."
Merkel - Depois da reunião, a chanceler alemã Angela
Merkel manifestou apoio ao acordo e disse que vai recomendar que o Parlamento
de seu país aprove a medida. "As vantagens superam as desvantagens",
declarou. Para a chanceler, o governo grego mostrou "vontade e disposição
de realizar reformas".
Segundo Merkel, como parte dos compromissos assumidos pela
Grécia para zelar pela sustentabilidade da dívida será criado um fundo,
supervisionado pela Europa, para utilizar os recursos obtidos com a privatização
de 50 bilhões de euros em ativos de empresas públicas gregas.
O presidente francês elogiou a "coragem" de
Tsipras nas negociações e qualificou o acerto como uma "decisão
histórica" da Europa. "Houve acordo. A Grécia fica no euro. A Europa
ganhou", comemorou ele.
(Com agências EFE e Estadão)
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