Lula vai a Brasília brincar de presidente. A decadência do mito custa caro ao Brasil
A presidente Dilma Rousseff está nos EUA, e Lula vai a
Brasília nesta segunda para discutir com os petistas a crise política. Ou por
outra: enquanto a titular viaja, ele se dirige ao centro do poder para se
comportar como uma espécie de presidente informal da República. Finge não ser
ele próprio parte da crise. Aliás, em certa medida, é um dos seus
protagonistas. Neste fim de semana, reportagem da Folha informou que o
ex-presidente estimulou José Múcio Monteiro, ministro do TCU, a cobrar Dilma
pelas pedaladas fiscais. Vale dizer: comporta-se como sabotador.
O Babalorixá de Banânia vai se encontrar com as bancadas do
partido na Câmara e no Senado. Na pauta, uma reação à Operação Lava Jato e as
relações do PT com o PMDB. Mas qual reação? Na sexta passada, ele e Rui Falcão,
presidente da legenda, se encontraram. O resultado foi uma resolução da
Executiva Nacional que se insere entre as mais alopradas da história.
O encontro estava marcado antes de vir a público parte da
delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da UTC e ex-amigo pessoal de… Lula! O
homem confessou ter doado R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma do ano passado
depois, de se sentir ameaçado por Edinho Silva, e afirmou ter doado R$ 250 mil,
por fora, para a campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo em
2010. Edinho e Mercadante estão entre os ministros considerados fortes de
Dilma.
É evidente que é um despropósito Lula viajar a Brasília
quando Dilma está fora do país. Evidencia, sim, que os dois estão distantes,
mas também dá conta da bagunça institucional que o PT promove no país. Por mais
que se queira dizer que ele pode cuidar dos interesses do partido, enquanto ela
se atém às questões nacionais, todos sabem que não é assim que as coisas
funcionam na prática.
De resto, cumpre indagar: quais são as orientações que Lula
tem dado ultimamente ao petismo? Elas têm concorrido para facilitar ou para
dificultar a vida da presidente Dilma? A resposta, como sabemos, é óbvia. O
chefão petista ajudou a mobilizar o partido contra o ajuste fiscal e praticamente
forçou a presidente a enterrar o fator previdenciário, uma conta que fatalmente
será paga pelos brasileiros.
Lula vai conversar com os petistas como se ele fosse um
elemento capaz de solucionar a crise, o que é falso. As suas intervenções têm
servido, ao contrário, para potencializar os problemas e para reforçar a imagem
de uma presidente fraca, incapaz de governar o país e de dar uma resposta
eficiente à crise política.
A decadência do mito Lula está custando caro ao Brasil.(Reinaldo Azevedo)
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