O nome da crise é PT
No país das múltiplas crises, já não se sabe qual é a pior e
a mais danosa: a que alcança o cotidiano dos cidadãos ou a que compromete o
futuro do país? São, como se sabe, crises diferentes, ainda que de certa
forma complementares e com a mesma gênese, o mesmo ponto de partida.
A crise, vista de Brasília, é, hoje, essencialmente moral e
política, mistura explosiva de aparelhamento da administração federal,
compadrio político, corrupção endêmica, má gestão e, agora, risco de
comprometimento de algumas das condições básicas de governabilidade. Acuado
pelos seus próprios erros e incomparável arrogância, o PT enfrenta dificuldades
crescentes para governar. Acabou refém da realidade, temendo que a
responsabilidade sobre irregularidades, desvios e escândalos de toda ordem se
aproxime ainda mais do governo.
Enquanto o quadro se agrava, outra crise avança, atingindo
inúmeros setores da economia e, especialmente, a população mais pobre. O Brasil
parou, literalmente. O cenário é de recessão com inflação alta, a pior
equação entre os países emergentes. O Brasil está, de novo, na contramão da
história, com o esperado crescimento negativo para este ano. Com o país
mergulhado em desconfiança e descrédito, desapareceram os investimentos e
perdemos nossa dinâmica econômica, migrando para um quadro de profundo marasmo
e letargia. Assistimos agora à escalada progressiva do desemprego, que não
poupa mais nenhum setor, região ou classe social.
Como se tudo isso não bastasse, no mundo real, longe de
Brasília, os cidadãos estão enfrentando a forte inadimplência gerada pelo
engano do crédito farto e barato. Juros na estratosfera e os drásticos aumentos
das tarifas, em especial de energia, alimentam as dificuldades das famílias
brasileiras.
Há ainda que se contabilizar os cortes orçamentários em
áreas capitais do serviço público, como saúde e educação, a paralisia das obras
públicas, e, apesar do avanço da inflação, a ausência de reajuste, já há um
ano, para o Bolsa Família, do qual dependem milhões de famílias brasileiras. Difícil
saber, portanto, qual, entre tantas, é a pior crise.
Ouso dizer que talvez seja a de esperança, pois tiraram dos
brasileiros a capacidade de acreditar em seu próprio futuro.Ao final,
dissemina-se a sensação de que nunca antes na história do país fomos tão
iludidos pela propaganda e pela má-fé. Não tenho dúvidas, no entanto, de
que seremos capazes de superar essas graves dificuldades, que, em muitos
aspectos, poderiam ter sido evitadas ou amenizadas. E, ao superá-las,
seremos um povo mais amadurecido, menos sujeito a manipulações e mais atento ao
verdadeiro significado das ações e omissões dos governos.
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