Aécio quer estatais fora do controle de corruptos.
Na última semana, Dilma nomeou o irmão do senador Roberto
Requião (PMDB-PR) e o Roberto Amaral (ex-presidente do PSB rompido com o
partido) como conselheiros de Itaipu. Um deles substitui o tesoureiro do PT
preso por corrupção, João Vaccari Neto.
Leia abaixo a coluna publicada hoje na Folha de São Paulo,
por Aécio Neves, presidente do PSDBm sob o título "Estatais sob
controle":
"Até um passado recente, marcas como Petrobras e
Correios eram sinônimo de excelência em suas áreas de atuação, com uma
qualidade de serviços prestados ao mercado e à sociedade que dava orgulho aos
brasileiros. Este tempo se foi.
Transformadas em instrumentos de ação política e servindo
prioritariamente a interesses partidários e pessoais, essas e outras empresas
estatais tornaram-se, lamentavelmente, exemplos de gestão inepta.Escândalos
revelados na Lava Jato mostraram o quanto o debate sobre governança precisa ser
aprofundado.
Mais que nunca, é preciso profissionalizar a gestão das
empresas públicas. Dentre as propostas que trouxemos para debate na campanha
eleitoral, esse tema ocupava lugar de relevância. Infelizmente, não houve
interesse do PT em avançar nesse campo.
Na última semana, apresentei um projeto de lei que
estabelece requisitos de experiência e aptidão técnica para a ocupação de
diretorias e conselhos de administração em empresas estatais e sociedades de
economia mista. O projeto elenca ainda uma série de mecanismos obrigatórios de
gestão, controle e prestação de contas e condutas éticas.
Na mesma direção, os presidentes da Câmara e do Senado
apresentaram iniciativa para ampliar o controle da sociedade sobre a
administração estatal. Há um sentimento geral e suprapartidário (do qual o PT
se exclui) de que é preciso construir um novo padrão de empresa pública no
país.
As estatais representam uma parte importante dos empregos
gerados, atuam em serviços essenciais e têm papel estratégico na
competitividade geral do país. Não devem servir a governos e partidos
políticos, mas à sociedade.
O grupo político no poder foi pródigo no loteamento de
cargos públicos e na politização da administração direta e indireta, além de
ocupar os fundos de pensão e diversas instâncias gerenciais. Há dezenas de
empresas estatais sob controle da União, e nada sabemos sobre como se deu a
indicação de seus dirigentes. Ou melhor, sabemos que a carteirinha do PT é mais
valiosa que qualquer currículo qualificado.
Basta. É preciso coibir a avidez do governo de plantão e
criar mecanismos que preservem as estatais das tentativas de cooptação por
interesses político-partidários.
O que precisa ser feito é claro: recrutamento profissional
dos dirigentes, transparência na gestão, definição de metas de desempenho,
prestação de contas periódicas. Mais meritocracia, menos ingerência política
sobre a distribuição de cargos e verbas públicas.
Trata-se de uma mudança cultural expressiva nos moldes da
gestão pública praticada no país. É um novo Brasil que precisa se projetar,
mais transparente, mais eficiente, que olha para o futuro.
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