Acredite: advogados de Marcelo Odebrecht alegam que “sobrepreço” indicado em e-mail é “termo técnico”
“No habeas corpus que
impetrarão, os advogados da Odebrecht vão tentar desqualificar tanto o e-mail
citado por [Sérgio] Moro para implicar Marcelo Odebrecht quanto o suposto
pagamento de propina de US$ 300 mil a Pedro Barusco na Suíça.
A defesa dirá que o ‘sobrepreço’ citado no e-mail é um termo
técnico (não superfaturamento), e que Barusco teria comprado títulos (bonds) da
empresa.”
Até segunda ordem, no entanto, “sobrepreço” é um “termo
técnico” do mundo da corrupção.
O e-mail “batom na cueca” de Marcelo, interceptado
pela Polícia Federal, foi reproduzido pela Época, como segue abaixo.
Roberto Prisco Ramos, da Braskem, subsidiária petroquímica
da Odebrecht, encaminhou uma mensagem em 2011 a Marcelo e Márcio Faria (ambos
presos na sexta-feira pela Operação Lava Jato), na qual
falava abertamente em sobrepreço no contrato de uma sonda e, na prática,
em atrair a UTC e a OAS para um cartel.
Pois é: o chefe não se fez de rogado diante do e-mail
que falava em “sobrepreço”, concordou tacitamente, e respondeu que era para
acelerar as tratativas com os concorrentes.
No despacho que determinou sua prisão, segundo a Folha,
o valor atribuído por delatores à propina paga por Odebrecht e Andrade
Gutierrez a dirigentes da Petrobras e operadores de partidos políticos alcança,
pelo menos, R$ 106 milhões.
Segundo a coluna Painel, os agentes apontam em relatório que
“muitos pagamentos se sucederam” após Marcelo ter galgado o posto, “sendo certo
que as atividades praticadas […] não poderiam passar ao largo do dirigente”.
O pagamento de propina estava entre as “atividades
praticadas”. Mas “propina”, decerto, é um “termo técnico” também. (Coluna Painel da Folha)
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