CUNHA DIZ QUE RENAN DEVE APARECER NAS PRÓXIMAS DELAÇÕES
RENAN TAMBÉM É INVESTIGADO NA
LAVA JATO, MAS A PGR AINDA NÃO APRESENTOU DENÚNCIA CONTRA ELE
Denunciado pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada por suposto
envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse a aliados que o presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve aparecer em futuras delações
premiadas. Renan também é investigado na Lava Jato, mas a PGR ainda não
apresentou denúncia contra ele.
De acordo com participantes do
encontro, Cunha não citou a origem da informação. No jantar oferecido no início
da semana, tanto Cunha quanto líderes qualificaram a denúncia como
"frágil". O peemedebista se disse inocente, segundo relatos, e
afirmou que ser manterá concentrado no trabalho. Seguindo orientação de sua
defesa, Cunha tem evitado a estratégia de se defender atacando como fez em
julho, quando o lobista Júlio Camargo o acusou de pedir propina de US$ 5
milhões. O presidente da Câmara afirmou estar recolhendo documentos para
apresentar em sua defesa.
A acusação contra Cunha também
surgiu no plenário da Câmara. Com apoio de alguns integrantes do PT, o
líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), começou a recolher assinaturas de deputados
pedindo o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Casa. O parlamentar se
recusou a informar quantas assinaturas já havia recolhido. A coleta vai até
esta quinta-feira.
"Presidente Eduardo Cunha,
vossa excelência não tem mais condições de presidir a Câmara dos Deputados.
Vossa excelência tem o direito de se defender, mas não tem o direito de
utilizar o cargo de presidente da Câmara como instrumento de defesa",
afirmou Glauber Braga (PSB-RJ) da tribuna da Casa. "É necessário que vossa
excelência se afaste", disse Braga, acusando o PT de ceder a chantagem de
Cunha para não se manifestar.
Apesar de alguns petistas
defenderem a saída de Cunha, o partido não deve tomar uma posição
institucional. Uma reunião da bancada estava prevista para a última
segunda-feira, mas foi suspensa e uma nova data não foi marcada.
O deputado Delegado Edson Moreira
(PTN-MG) saiu em defesa de Cunha. "A Constituição é clara quando diz que
se tem o direito à ampla defesa, ao devido processo legal. Acusação é uma mera
acusação. A denúncia nem foi aceita ainda", afirmou Moreira. "Vossa
excelência tem o dever moral de permanecer no cargo", disse o deputado.
(AE)
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