Na sabatina de ontem, Collor volta a xingar Janot, agora fora do microfone
Parte 1
Parte 2
Como esperado, o senador Fernando Collor (PTB-AL) chegou à
sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com um calhamaço de
perguntas e insinuações para tentar colocar seu inimigo número um contra as
cordas.
1) Afirmou que o chefe do Ministério Público Federal
contratou uma empresa sem licitação e favoreceu a Braskem – subsidiária da
Petrobras.
2) Apontou o irmão de Janot, morto há cinco anos, como
um contraventor.
3) E acusou o procurador-geral da República de vazar
dados sigilosos da Operação Lava Jato.
Esse, aliás, sempre foi o verdadeiro alvo de Collor: tentar
anular as investigações que levaram o MP a denunciá-lo formalmente por lavagem
de dinheiro e corrupção.
O embate foi marcado por ironias e tentativas de intimidação
por parte do senador alagoano, que nem sequer é membro da Comissão de
Constituição e Justiça, mas chegou cedo e sentou-se na primeira fileira. Houve
um breve bate-boca quando Janot – que Collor insiste em chamar de ‘Janó’ –
começou a responder os questionamentos e foi interrompido pelo alagoano.”
A coluna Radar informa ainda que, enquanto Janot respondia
as perguntas, Collor o xingava movendo os lábios e quase sem emitir som:
– Calhorda. Filho da puta.
“As duas ofensas foram repetidas seguidas vezes, todas
observadas pelos demais senadores que estavam à mesa ao lado de Janot.
Janot não se desestabilizou” e Collor deixou a sabatina após
ouvir suas respostas.
Ser odiado por ele só faz bem à reputação do PGR.
“Um dos questionamentos apresentados por Collor foi sobre a
atuação de Rodrigo Janot em um processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ)
no qual ele teria atuado contra a Braskem, subsidiária da Petrobras. Como
representante do MP, ele teria advogado contra os interesses do Estado. Em sua
resposta, Janot disse que a Braskem comprou a empresa Trikem, parte na ação
citada por Collor, depois do trânsito em julgado da causa, ou seja, quando o
processo já estava completamente julgado e sem possibilidade de recursos.
Na versão de Collor, o procurador-geral também teria
cometido irregularidades na contratação da empresa Oficina da Palavra, cujo
proprietário teria feito campanha para Janot liderar a lista tríplice de
indicações ao cargo de procurador-geral há dois anos.
Outra irregularidade,
negada por Janot, teria sido o aluguel, no valor de 67.000 reais mensais, de
uma casa em um bairro nobre de Brasília para atender à Procuradoria Geral da
República. Collor ainda acusou o procurador de nomear para o cargo em comissão
de assessora-chefe do cerimonial uma pessoa sem diploma de nível superior, o
que violaria normas internas do MP.
Mas o momento mais tenso foi quando o senador acusou Janot
de ter abrigado o irmão, segundo ele um contraventor, em sua casa em Angra dos
Reis (RJ). Rogério Janot teria sonegado, segundo o parlamentar, milhões de
francos belgas em impostos e acabou procurado pela Interpol. Sem entrar em
detalhes sobre a culpa ou inocência do irmão, Rodrigo Janot negou ter
interferido para beneficiar o parente. ‘Não vou me referir [ao episódio] em
respeito aos mortos e não participarei de exumação pública de um homem que nem
sequer pode se defender’, afirmou. ‘Enquanto membro do Ministério Público
Federal, tenho impedimento legal de atuar em casos de parentes consanguíneos
até o terceiro grau. Se tivesse tido atuação, o tiraria da difusão vermelha’,
completou.
Depois de rebater as perguntas, Janot terminou numa tréplica
em defesa da Lava Jato. ‘Não há futuro viável se condescendermos agora com a
corrupção. Não há país possível sem respeito à lei. O que tem sido chamado de
espetacularização da Operação Lava Jato nada mais é que a aplicação de
fundamental princípio da República: ‘Todos são iguais perante a lei’. Como
disse, ‘pau que bate em Chico, bate também em Francisco”, disse Janot. ‘Nego
que seja vazador contumaz [de investigações]. Não tenho atuação midiática.”
(F.M.Brasil)
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