ODEBRECHT DEU TELAS VALIOSAS A FOSTER E GABRIELLI COMO 'BRINDES' - ELES RECEBERAM OBRAS DE ARTISTAS COMO VOLPI E OSCAR NIEMEYER
GRAÇA FOSTER E SERGIO GABRIELLI, EX-DIRIGENTES DA PETROBRAS
ALVOS DE 'BRINDES' DA ODEBRECHT
A força-tarefa da Operação Lava Jato afirma que a Odebrecht,
supostamente envolvida com o esquema de corrupção e propinas que se instalou na
Petrobras entre 2004 e 2014, presenteou com quadros e pinturas "de alto
valor" ex-dirigentes da estatal petrolífera, entre eles os ex-presidentes
José Sergio Gabrielli (2005/2012) e Graça Foster (2012/2015).
Na denúncia que apresentou à Justiça Federal na sexta-feira, 24, contra o
presidente da maior empreiteira do País, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos
do grupo - formalmente acusados por corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa -, o Ministério Público Federal destaca, às páginas 41 e 42,
a apreensão de documento na sede da construtora, intitulado "Relação de
Brindes Especiais-2010".
O documento traz "listagem de diversos funcionários da Petrobras o cargo
por eles ocupado e a diretoria a que são vinculados e o respectivo 'brinde'
recebido". Os procuradores que subscrevem a denúncia, em 205 páginas,
atribuem à Odebrecht pagamento de R$ 389 milhões em propinas para ex-diretores
da Petrobras que ocuparam cargos estratégicos na estatal, como Paulo Roberto
Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços).
Os procuradores afirmam que Rogério Araújo, alto executivo da empreiteira -
afastado do cargo depois que foi preso, em 19 de junho, junto com o líder da
companhia -, exercia o papel de "remetente da totalidade dos
presentes". Os procuradores concluíram que, pelas anotações, os
"brindes" seriam pinturas de artistas como Alfredo Volpi, Cildo
Meireles, Armando Romanelli e Oscar Niemeyer.
"A listagem é formada tão somente por funcionários do alto escalão da
Petrobras. Como seu presidente à época, José Sergio Gabrielli de Azevedo, os
diretores Maria das Graças Foster (na época, diretora de Óleo e Gás), Paulo
Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Luiz Zelada (Internacional) e Nestor Cerveró
(Internacional), além do então gerente executivo de Engenharia Pedro
Barusco", assinala a Procuradoria da República.
Reforça a suspeita do vínculo de Rogério Araújo com ex-dirigentes da estatal o
número de encontros com Renato Duque na sede da Petrobras, no Rio - 256
visitas, entre 2004 e 2012. Nesse período, ele visitou 167 vezes Paulo Roberto
Costa e 39 vezes Pedro Barusco. "As provas demonstram claramente a boa
relação de Rogério Araújo com funcionários da Petrobras", dizem os
procuradores - segundo eles, Araújo era próximo também de Nestor Cerveró. Gabrielli
e Graça foram procurados pela reportagem, mas não quiseram se manifestar.
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