Jornalista da Globo sofre ataques racistas no Facebook

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A jornalista, que apresenta a previsão do tempo, também sofreu ataques machistas, em comentários que questionavam sua aparência e a chamavam de “vagabunda”.

As manifestações de ódio provocaram indignação na rede social. Em comentários, internautas mostraram apoio à jornalista e repúdio aos ataques racistas. “Acabo de fazer um print de todos os comentários dessa postagem e irei levá-lo às autoridades cabíveis. Racismo é crime”, disse um deles.

“É, atualmente, a melhor apresentadora de previsão do tempo da TV brasileira”, declarou outro, sobre Maria Júlia. Alguns usuários do Facebook trocaram sua foto de perfil por uma da jornalista.

A avalanche de comentários levou os colegas de bancada de Maria Júlia — os âncorasWilliam Bonner e Renata Vasconcelos — a publicarem um vídeo de apoio à jornalista na fanpage do programa. O vídeo (veja abaixo) publicou uma reação no Twitter e no Facebook, com apoio à hashtag (forma de indexação de assuntos em redes sociais) #SomosTodoMaju.

“Trollagem”

A maioria dos comentários ofensivos parece vir, segundo apurou o Viver Bem, de perfis falsos do Facebook – os chamados fakes. De cerca de 20 perfis de onde partiram comentários agressivos, checados pela reportagem, pelo menos 17 têm fortes indícios de serem falsos.


Entre essas características, estão nomes inusitados, avatares (fotos de perfil) que não representam pessoas (mas personagens de desenho animado, por exemplo); poucos amigos e pouco tempo de participação na rede social.

Além disso, há “comentaristas” que são “amigos” entre si. Também há perfis festejando a repercussão sobre o caso na mídia. Um perfil — que fez comentários como “joga para cima, se voar é urubu e se cair é bosta” — desdenhou de denúncias mal-sucedidas, feitas por internautas ao Facebook, na intenção de retirar o perfil do ar. “Recomendo que denunciem por nome falso, já que não têm nada mais para fazer”, escreveu.
Outro tem postado links com matérias sobre o fato e recebeu de volta comentários como “kkkkk, tá uma delícia isso, cara”.

No caso de perfis supostamente verdadeiros, vários são administrados por pessoas que aparentam ser menores de idade. Mas também há adultos que afirmam em seus perfis morar em capitais como Recife e São Paulo. Alguns comentários chegam a superar as 70 “curtidas” — que também podem ou não ser falsas.

Perfil aparentemente falso republicou comentário do apresentador Luiz Bacci e recebeu comentários de apoio.

Crime mesmo assim



De acordo com a coordenadora psicossocial da Organização Não-Governamental (OBG)Safernet Brasil, a psicóloga Juliana Cunha, o fato de os perfis serem falsos não diminui a gravidade das manifestações racistas, que são criminosas. “O anonimato não elimina o fato de ser um conteúdo racista. Quem dissemina comentários racistas está passível de ser identificado porque a internet deixa rastros. Pode responder pelo crime de injúria racial.”

Juliana relata ainda que são observados dois tipos de manifestação discriminatória nas redes sociais: a espontânea, levada pelo impulso, e a organizada, articulada por grupos motivados por um propósito. “Os chamados haters [pessoas que usam as redes sociais para fazer comentários de ódio] falam de forma impulsiva. Quando questionados, eles relatam que escrevem e só depois pensam ou nem sempre pensam. Sentem-se encorajados pelo impulso mesmo”, diz ela. “E também há grupos organizados que usam a internet para disseminar ódio”.

Em 2014, segundo a psicóloga, racismo e xenofobia foram as causas da maior parcela de denúncias que chegaram à central da ONG, que presta serviços relacionados a segurança na internet.

Por meio da sua assessoria de imprensa, o Facebook informou que coíbe esse tipo de ação com a ajuda de denúncias de usuários — não há busca ativa. Todas as denúnciassão checadas por uma equipe de pessoas (não por inteligência artificial), mas é preciso que a reclamação tenha foco certo para ser efetiva, afirma a empresa. Ou seja, é preciso que o usuário encontre o motivo preciso para denúncia nos campos apresentados no formulário.
Machismo e racismo

Para a ativista do feminismo, blogueira e estudante de arquitetura Stephanie Ribeiro, que também é negra, os ataques a Maria Júlia são manifestações contra mulheres, não apenas raciais.”Acredito que há duas opressões relacionadas”, avalia. “O fato de ela [Maju] ser mulher e negra, e ainda ter posição de poder gera incômodo. As pessoas estão acostumadas a ver mulheres como nós assumindo outros papéis. É recorrente que, quando nos destacamos, as reações sempre são racistas. Numa tentativa de dizer ‘olha seu lugar é esse aqui, e não o que você está’. A luta contra o racismo também está ligada a esse ‘ocupar espaços’ que até então não ocupávamos, como ser a mulher do tempo do Jornal Nacional.”

Isolamento, depressão e tristeza são algumas das consequências que mulheres negras podem sofrer com agressões como as que Maria Júlia recebeu. “A gente começa acreditar ‘que estamos erradas’ e não estamos, precisamos estar onde queremos estar e fazer o que queremos fazer, até porque é representativo para outras mulheres negras uma Maju naquele local, com aquele cargo, desenvoltura, postura e estética. É um ciclo, espero que mais meninas negras se vejam na Maju e queiram alcançar novos espaços como ela, a questão é que estar nesses espaços não é fácil.”

Repercussão



Celebridades também mostraram sua consternação com o episódio em outras redes sociais. No Instagram, Adriane Galisteu escreveu: “Estou horrorizada com o que estou lendo, na página do jornal nacional do facebook [sic]. Repostei por pura indignação e raiva destas pessoas preconceituosas, mal educadas, mal amadas… Espero que o ministério público tome providências… Racismo é crime!”.

No Twitter, a hashtag #SomosTodosMajuCoutinho é um dos Trending Topics – tópicos populares – no Brasil.

(Gazeta)


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Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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