PIMENTELÂNDIA – O MUNDO PARALELO DE UM GOVERNADOR, UMA PRIMEIRA-DAMA, UMA ENFERMEIRA E UM INDICIADO POR FORMAÇÃO DE QUADRILHA
O leitor fique certo! Há coincidências que só acontecem num
mundo paralelo chamado PT. Há personagens que nascem e prosperam à sombra do
petismo. Parece que se trata, assim, de uma nova civilização mesmo.
A VEJA desta semana traz uma reportagem de Rodrigo Rangel,
Adriano Ceolin e Hugo Marques que mostra como um homem indiciado por formação
de quadrilha, que já foi preso e ficou milionário da noite para o dia, se
conecta tanto com uma primeira-dama de Estado como com uma humilde enfermeira.
Vai ver é esse o socialismo que o PT diz praticar.
Reproduzo abaixo o texto da reportagem. Entre outras coisas,
vocês verão que o endereço de uma empresa dessa primeira-dama coincide com o de
uma empresa fantasma do tal indiciado por formação de quadrilha. Explicação?
Ora, tudo coincidência. Leiam o texto da VEJA.
As duas mulheres que aparecem nesta reportagem não se conhecem. Carolina de Oliveira é jornalista. Cresceu na periferia de Brasília e hoje é a primeira-dama de Minas Gerais. Helena Maria de Sousa, ou Helena Ventura, como também é conhecida, mora em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, é enfermeira da rede pública de saúde e se candidatou a deputada estadual nas últimas eleições pelo PT.
As duas mulheres que aparecem nesta reportagem não se conhecem. Carolina de Oliveira é jornalista. Cresceu na periferia de Brasília e hoje é a primeira-dama de Minas Gerais. Helena Maria de Sousa, ou Helena Ventura, como também é conhecida, mora em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, é enfermeira da rede pública de saúde e se candidatou a deputada estadual nas últimas eleições pelo PT.
Apesar das trajetórias aparentemente distintas, as duas são
suspeitas de envolvimento no mais recente escândalo de corrupção investigado
pela Polícia Federal. Ambas, cada uma à sua maneira, estão conectadas a
Benedito de Oliveira Neto, o Bené, empresário de Brasília que, na última
década, fez fortuna como parceiro do governo federal, teve como cliente a
campanha da presidente Dilma Rousseff, foi preso e está indiciado por formação
de quadrilha.
O acaso levou Carolina a Bené. Formada em comunicação, ela
trabalhou numa empresa que prestava serviços ao então prefeito de Belo
Horizonte, Fernando Pimentel. Logo, foi promovida a assessora pessoal dele
– e não se separaram mais. Em 2010, Pimentel foi indicado para coordenar a
campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Carol o acompanhou. O prefeito delegou a Benedito de
Oliveira, seu amigo, a montagem do comitê central. Bené alugou a casa e
organizou toda a infraestrutura para o início da campanha. Ele era um mero
desconhecido, e continuaria nas sombras se não fosse um escândalo que eclodiu
antes mesmo do início da campanha. Além de marqueteiros e jornalistas, o
empresário contratou para o comitê uma equipe de ex-policiais e arapongas para
bisbilhotar a vida de adversários. Revelado por VEJA, o caso provocou o
afastamento da dupla Pimentel-Bené do comando da campanha – mas só da
campanha.
Eleita, Dilma nomeou Fernando Pimentel para comandar o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O ministro, por
sua vez, contratou Carolina como sua assessora no ministério. Ela cuidava dos
compromissos oficiais, acompanhava as viagens e estava presente na maioria dos
eventos de que ele participava. Em 2012, motivado por rumores, Pimentel
recomendou que a assessora deixasse o cargo. A pedido do ministro, ela foi
contratada por uma agência que presta serviços ao PT.
Montou a própria empresa, a Oli Comunicação, e,
recentemente, oficializou a união com o agora governador Fernando Pimentel.
Nesse período, Bené continuou ganhando dinheiro. Foram mais de 500 milhões de
reais em contratos superfaturados com o governo. Tudo estaria bem para todos
se, no ano passado, Bené não tivesse sido apanhado outra vez com a boca na
botija. A polícia apreendeu um avião do empresário com 113 000 reais em
dinheiro e documentos que sugeriam que ele repetia na campanha de 2014 o mesmo
papel que desempenhara em 2010 – o caixa paralelo que financiava o PT.
As investigações indicam que Bené montou uma ampla rede
criminosa envolvendo empresas-fantasma para financiar as campanhas petistas,
incluindo a do governador Pimentel. Basicamente, ele superfaturava contratos
com o governo e repassava parte do que arrecadava aos partidos através de
doações legais, como no petrolão, ou clandestinas, através das
empresas-fantasma. Na operação policial que prendeu o empresário, a polícia
realizou buscas no apartamento onde Carolina Oliveira morava antes de se mudar
para Belo Horizonte. Procurava documentos que mostrassem negócios entre ela e o
empresário. A sede da Oli Comunicação estava registrada no mesmo endereço de
uma empresa-fantasma de Bené.
É nesse ponto que a história de Carolina converge com a de
Helena Ventura. Sindicalista e filiada ao PT, a enfermeira disputou três
eleições. Foi candidata a deputada federal em 2010, a vereadora em 2012 e, no
ano passado, tentou uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas. Somando o
resultado das três eleições, ela teve incríveis 29 votos. Mas o que chamou
atenção foi o custo de sua última campanha. Dona de um salário de 2 000 reais,
Helena declarou ter gasto 36 280 00o reais com a candidatura. E o mais
interessante é que praticamente todo o dinheiro, 36 250 00o reais, foi pago a
um único fornecedor – a Gráfica Brasil, cujo proprietário é Benedito de
Oliveira. É evidente que existe algo muito estranho nessa história.
Há um grande segredo envolvendo esses personagens. Segundo
um relatório do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, o dinheiro a ser
repassado para a Gráfica Brasil tinha como origem declarada o fundo partidário
– a verba que os partidos políticos recebem dos cofres públicos. O PT não
quis se pronunciar. A enfermeira disse que desconhece tanto a origem quanto o
destino do dinheiro. “Se eu tivesse esse dinheiro, seria eleita com certeza”,
afirmou ela ao jornal Hoje em Dia. Helena também garante que nunca ouviu falar do
empresário. Benedito de Oliveira, já solto, disse, por meio de seu advogado,
Celso Lemos, que nem sabe quem é Helena.
Caroline Oliveira não foi localizada.
Seu advogado, Pierpaolo Bottini, informou que a primeira-dama de Minas Gerais
mantém apenas relações de amizade com a família de Bené. Negócios? Nenhum. A
coincidência de endereços teria sido apenas um grande mal-entendido. O advogado
diz que a Oli funcionou num escritório no centro de Brasília até julho de 2014
e, depois disso, uma das empresas de Bené se instalou no mesmo endereço. Por
equívoco, alguém se esqueceu de formalizar a mudança. Simples assim. Por Reinaldo Azevedo
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