Criador e criatura são a mesma coisa, afirma Aécio sobre Lula e Dilma
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG),
disse nesta segunda-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não
pode se "descolar" da presidente Dilma Rousseff. O tucano
argumentou que Lula não pode fugir à sua responsabilidade pela situação atual
ao usar como estratégia os ataques à sua sucessora. Aécio disse que Dilma é "criatura"de
Lula e que é um "acinte" o governo continuar adotando as
chamadas pedaladas fiscais depois do parecer prévio do Tribunal de Contas da
União (TCU). Para ele, o governo Dilma está "sitiado".
No sábado, O GLOBO informou que o ex-presidente, em tom de
desabafo, criticou duramente a presidente Dilma Rousseff em reunião no
instituto que leva o seu nome. Para Lula,“Dilma está no volume morto, o PT está
abaixo do volume morto” e ele próprio está no volume morto. Nesta
segunda-feira, o ex-presidente voltou a criticar o partido, e disse que os
petistas só pensam em cargo e eleições.
O TCU deu prazo de 30 dias para Dilma dar explicações sobre
as contas públicas de 2014. Para Aécio, o TCU deve rejeitar as contas de Dilma,
afirmando que caberá ao Ministério Público da União decidir se abre uma ação
contra a presidente. Ele lembrou que o PSDB já ingressou com uma ação a esse
respeito, mas evitou falar em impeachment.
— Acho que o presidente Lula, mais do que ataques à
atual presidente, sua criatura, tem que reassumir sua parcela de
responsabilidade pelo que vem acontecendo no Brasil. E não há como descolar uma
coisa da outra: o governo é o PT, o governo é Dilma, o governo é Lula. Foi
assim nos momentos positivos e será assim nesse momento de grandes
dificuldades. Lamentavelmente, essa obra é uma obra conjunta do ex-presidente
Lula, da presidente Dilma, e, obviamente, do PT — disse Aécio.
Aécio disse que já tinha denunciado, durante a campanha
eleitoral, as manobras fiscais do governo Dilma. — Continuar a fazer isso
é um acinte, um desrespeito absoluto àquilo que foi de mais valioso que nós
conseguimos construir do ponto de vista da administração no Brasil que foi a
Lei de Responsabilidade Fiscal. É um governo que age como se estivesse acima da
lei e não está. E o governo federal de forma continuada fez isso com o único
objetivo de vencer as eleições e hoje é um governo sitiado: não pode andar nas
ruas e está nas barras dos Tribunais. Se o Tribunal de Contas, como todos nós
esperamos, vier a agir de forma técnica como vem agindo, não há como aprovar as
contas da Presidente da República — disse Aécio, acrescentando:
— Essa reiterada prática delituosa pode levar até o
Ministério Público, a Procuradoria Geral da República, onde existe ação do
PSDB, a se manifestar e quem sabe abrir uma investigação contra a presidente da
República. Candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, Aécio
lembrou que denunciou o fato das pedaladas fiscais.
— Durante a campanha eleitoral, denunciei essas pedaladas,
dizendo que a Caixa Econômica Federal pagava o Bolsa Família, ou parcela dele,
e o governo não repunha por parte do Tesouro esses recursos. A presidente
ignorou esse assunto. Agora, tentam transferir para um membro da equipe
econômica (o ex-secretário do Tesouro Arno Augustin) essa responsabilidade. A
responsabilidade é da presidente da República — disse Aécio.
Segundo ele, um dos pilares da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) era justamente evitar que bancos públicos financiassem seus
controladores. — Essa não é uma questão que está sendo discutida agora. O
que há é uma definição da votação do relatório do ministro Nardes que é pela
reprovação das contas da Presidente da República. Isso deve ocorrer em menos de
30 dias.
Aécio comparou a crise econômica vivida pelo país à
jabuticaba, alegando que apenas o Brasil vive momentos de dificuldade e não o
mundo. — Essa crise é como a jabuticaba, é uma fabricação aqui do Brasil
feita pelo governo do PT —afirmou o tucano.
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