COLLOR OCULTOU PATRIMÔNIO USANDO "MUITOS LARANJAS" - CARROS DE LUXO ESTÃO EM NOME DE EMPRESAS E NÃO DO PARLAMENTAR
COLLOR SEQUER PODE SOLICITAR A DEVOLUÇÃO DOS VEÍCULOS À
JUSTIÇA, POIS SÓ OS PROPRIETÁRIOS PODEM FAZER A SOLICITAÇÃO, SE COMPROVAREM QUE
TÊM RECURSOS PARA EFETUAR A COMPRA
A investigação sobre o senador Fernando Collor (PTB-AL) foi
a que exigiu maior número de buscas e apreensões entre as realizadas na
Operação Politeia, na qual Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República
recolheram informações nas casas e escritórios de políticos. As suspeitas sob
Collor, que já é investigado perante o Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito
da Operação Lava Jato, foram reforçadas a partir das delações premiadas do
"emissário" do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo, e do dono da
UTC, Ricardo Pessoa. Os investigadores partiram da suspeita de que o
parlamentar tenha praticado ocultação de patrimônio usando "muitos
laranjas".
Uma das principais suspeitas recai sobre os carros de luxo
do senador, que estão em nome de empresas e não do parlamentar. Dois dos
carros luxuosos apreendidos, por exemplo, estão no nome da empresa Água Branca
Participações. Com isso, investigadores apontam que Collor sequer pode
solicitar a devolução dos veículos à Justiça, pois só os proprietários podem
fazer a solicitação, se comprovarem que têm recursos para efetuar a compra.
Investigadores relatam ter bloqueado um quarto carro de luxo
na residência do senador, da marca Cadillac, mas deixado o veículo à disposição
do parlamentar para uso dele e da família enquanto correm as
investigações.
Com três senadores, um deputado, um ex-deputado e um
ex-ministro envolvidos nas buscas, procuradores tentaram blindar as medidas de
qualquer alegação de nulidade. Os investigadores relatam ainda
preocupação com os casos de "camuflagem" de endereços, que foram
checados mais de uma vez. Na véspera da realização da Operação, quatro
endereços precisaram ser corrigidos ou ampliados.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a ser
acordado durante a madrugada para autorizar as alterações. Por esse que motivo
que mais de um ministro autorizou as buscas e apreensões. As primeiras
autorizações foram assinadas no dia 1 de julho, pelo ministro relator do caso,
Teori Zavascki. As demais foram autorizadas pelos ministros Celso de Mello e
Ricardo Lewandowski, que assumiram o plantão da Corte no período de
recesso.
A reação de Collor e do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), que criticaram a operação, foi vista com normalidade.
Dentro da PGR, investigadores dizem já estarem cientes que, na Lava Jato,
"calmaria não vai existir". Mesmo assim, consideram que a Politeia
foi realizada sem grandes dificuldades.
A Operação, que envolveu 53 mandados de busca e apreensão em
seis Estados e no Distrito Federal, ocorreu durante toda a terça-feira, até o
final do dia. As ações tiveram início por volta das 6 da manhã e só terminaram
em torno de 21h. Para operacionalizar as buscas, procuradores viraram a
noite.
A avaliação de investigadores é de que as buscas no Recife,
que envolveram o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) e o deputado federal Eduardo
da Fonte (PP-PE), "deram muito trabalho e trouxeram pouco retorno".
Já outros casos foram mais bem sucedidos, como as buscas ligadas ao senador
Ciro Nogueira (PP-PI), na qual há entendimento de que as provas já estão
"mais materializadas". (AE)
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